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Quando a perda transforma tudo ao redor (e por dentro também)

  • Foto do escritor: Leticia Benigno
    Leticia Benigno
  • 30 de abr.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 26 de jun.


Mulher sentada pensativa

Nem sempre é fácil expressar em palavras o que se sente depois de uma perda. Por dentro, algo mudou profundamente enquanto por vezes, tudo ao redor parece continuar igual. Para quem está enlutado, o mundo pode parecer estranho, como se tivesse deixado de fazer sentido. É comum surgir a sensação de que ninguém entende a profundidade do que se perdeu — e, mesmo rodeada de gente, a pessoa se sente sozinha.


Há vínculos que antes eram importantes e passam a parecer distantes. Outros, ainda presentes, podem despertar culpa, por não trazerem mais o mesmo sentimento. O que antes era prazeroso ou motivador pode hoje parecer sem cor. Em muitos casos, até as tarefas mais simples do dia a dia se tornam pesadas. O que antes era automático agora parece exigir esforço. Há uma espécie de cansaço profundo e contínuo, difícil de explicar.


Também é comum surgir vergonha por não conseguir "voltar ao normal" como os outros esperam, ou medo de seguir em frente e, com isso, sentir que suas sensações são inadequadas à perda. Para muitas pessoas, o luto não envolve apenas a ausência do outro, mas também uma mudança profunda na própria identidade. A relação com aquela pessoa fazia parte da forma como você se via e se sentia no mundo. Por isso, o luto pode bagunçar até a maneira como você se reconhece.


Essas experiências não são exagero, nem fraqueza. São formas legítimas de vivenciar e elaborar a ausência de algo ou alguém que tinha um lugar essencial. Validar esse sofrimento é parte importante do processo. E isso inclui compreender que não se perdeu apenas uma pessoa, mas também o papel que ela ocupava: companheira, referência, abrigo, futuro, rotina, espelho. Tudo isso também precisa ser nomeado.


horizonte

Em alguns casos, perceber o sofrimento intenso diminuindo pode parecer uma traição. Como se significasse abandonar quem partiu. Por isso, sem perceber, manter o sofrimento vivo pode se tornar uma forma de manter também a conexão. Mas com o tempo, esse modo de preservação (ainda que faça sentido) pode limitar a vida, dificultar novos vínculos e transformar a saudade em desamparo ou solidão crônica.


A terapia pode ser um espaço seguro para colocar em palavras aquilo que, muitas vezes, parece indescritível. Um lugar onde não é preciso ter pressa para "superar", mas onde se pode reconhecer e reorganizar, pouco a pouco, o que ficou. Ao contrário do que se pensa, não se trata de esquecer ou apagar. O trabalho terapêutico convida a integrar a transformação a partir da perda, permitindo que a lembrança continue existindo sem que isso impeça a continuidade da vida.


O luto transforma. E reconhecer essa transformação, com cuidado e respeito ao tempo de cada um, é parte essencial do caminho. Não para voltar a ser quem se era antes, mas para encontrar outras formas de seguir, levando consigo a história, a memória e, principalmente, a possibilidade de continuar sentindo e vivendo. Se você sente que precisa de apoio para atravessar esse momento, entre em contato. Estou aqui para te acompanhar com escuta, cuidado e respeito à sua história.



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